10/02/2010

Era uma vez um Taurus vermelho...

Tudo começou logo no primeiro dia em que chegamos em Wisconsin Dells. No fim do corredor do hotel onde morávamos existiam 2 equatorianos. Eles estavam se mudando pro Havai e precisavam vender algumas coisas, entre elas, um certo Taurus vermelho ano 96 que, segundo os equatorianos, "tiene un pequeño defecto".
Na primeira oferta do modelo, não aceitamos por causa desse "defecto": o carro tinha o câmbio quebrado (se vc quebrar um dia o câmbio do seu carro, se deu mal, pq é mto caro arrumar) e por isso não passava dos 30 km/h. Acontece que não tem como andar por mais de uns 20 min na neve. Não em Dells, que é toda cercada por lagos e que fica sem calçada nessa época do ano por causa da neve.
Vimos outros carros, todos na faixa de uns 700, 800 reais. Como a oferta final do Taurus foi de 300 dólares, não pensamos 2x e compramos o potente! E para a compra sair mais barata ainda, compramos o carro em 6 pessoas. Acontece que só cabe 5 pessoas em um Taurus...
Já que havia mais pessoas do que espaço no carro, criamos turnos. Eu e mais duas meninas não usávamos o carro para ir trabalhar porque o nosso setor era pertinho de casa, menos de 10 min de caminhada. Já os outros 3, que eram lifeguards e food do Hotel, usavam o carro para ir trabalhar. Compras de supermercado e outlet, fazíamos todos juntos, com o Taurinhos sobrecarregado. O duro era competir o espaço com o amiguinho do lado e com as sacolas que não cabiam no porta-malas. Não que tivéssemos muitas sacolas, mas às vezes a tampa do porta-malas congelava.
No começo, quando não conhecíamos direito a cidade, não víamos problema no limite de 30 km/h. Depois que nos apresentaram a outra parte da cidade, onde tinham as baladas e a região do comércio, começamos a ver que passávamos muito tempo dentro do carro para chegar nos lugares hahaha...depois de um tempo, porém, começamos a pegar o jeitinho do Taurus. Em certos pontos da cidade, por exemplo, alcançávamos uns 55 km/h na descida sem abusar do câmbio quebrado.
Um dos dias mais tristes em Dells, no entanto, foi a última semana. Precisávamos vender o carro. Anunciamos no trabalho e para os novos estudantes que estavam chegando na cidade (março começam a chegar os equatorianos e alguns europeus para nos substituir). Quando descobriam o problema do carro, desistiam na hora. Chegamos a oferecer o Taurus por 120 dólares e mesmo assim nada! Pensamos em vendê-lo pro ferro velho...acontece que o possante não conseguia chegar até o lugar porque era longe. E pra falar a verdade, acho que se conseguíssemos levá-lo até o cemitério dos carros, não teríamos coragem de deixá-lo lá.
Pegamos amor ao Taurus porque passamos muita coisa dentro dele. No dia 31 de dezembro, por exemplo, levamos uma multa às 20 pra meia noite pq estávamos em uma via em que a velocidade mín era de 40 km/h e pq os faróis estavam desligados (eu estava no volante nesse dia hehe). Tínhamos até apelidos pro Taurus: Donatelo (pq era uma tartaruga) e Vitiligo (pq ele era td desbotado, com algumas manchas brancas).
Fim da história: ninguém quis comprar o Taurus! Como não havia outro jeito, apagamos o nome de um
dos meninos, que foi quem fez o documento do carro, e deixamos o Ford lá, estacionado no meio da neve do Sunset Bay, nossa casa. A última lembrança que tenho de Dells é de eu e mais 3 dos donos do Taurus indo embora pra estação de trem e falando, de dentro do carro da carona; "Tchau Taurinhos!" Estávamos felizes pq íamos começar o nosso mês de turismo pelos EUA, mas tristes por ter que deixar o Taurus naquela situação...
Enfim, se alguém descobrir o que foi feito do nosso Vitiligo, deixa um recadinho aqui, por favor.

2 comentários:

  1. Valeu pelo post Laís.
    Bem legal.
    Seu eu ver o Taurus por Dells te aviso. Hehee.

    ResponderExcluir
  2. Hahahahahahha, tenho que confessar, estou adorando seu blog. Obrigado por tantas dicas úteis e histórias tão empolgantes e bem escritas. Para mim, está sendo como vivenciar um filme! Obrigado!

    ResponderExcluir